BOA NOITE

QUEM DERA

Quem me dera eu fosse um poeta pra descrever com palavras bonitas o que sinto, o que penso e o que vejo.

Com certeza eu já teria conseguido editar alguns livros e percebido o dom de escrever sem medo de errar; colocando as verdades e a imaginação no papel.

Que eu sei, afinal?

Sei apenas um pouco do pouco, um pouco do tudo, às vezes nada do pouco e nada do tudo. Porém, quando me vem inspiração, o que escrevo é de coração.

Eu sou assim; mesmo não sabendo muito, viajo pra dentro de mim.

Encontro algo grande ou pequeno, mas não importa; só sei que não estou morta.

Tudo o que eu tento, enfim, tem um começo, um meio e tem também um fim...

Laura Válio. 

DE OLHO NO TEMPO

Que dia triste está hoje!

Chove, para. Para, chove.

As nuvens escuras, carregadas, ameaçam toda hora desabar.

Os dias e as noites estão chorando muito ultimamente e eu me sinto péssima.

Vejo pássaros amuados e escuto ao longe outros a cantar solitários e tristes também.

Não que eu eu não goste de chuva, de frio, de calor; é que aqui tudo é demais.

O que acontece é que quando chove  é muito, quando esquenta é de pegar fogo e quando esfria é congelante.

Sempre eu digo e repito que breve vamos ter até neve... 

Laura Válio.

"CACOS"

Sonhei com muitos cacos de vidro.

Parecia ser real, normal; eu deitando, pisando, pegando neles. Foi difícil desse sonho acordar.

Quando despertei, não sabia se estava dormindo ainda. Parecia estar em cima deles. Foi complicado voltar a mim.

Estava vendo o significado e nele diz que são dificuldades intransponíveis.

Deus meu! Não permita que na realidade sejam. As coisas já não andam bem. Já pensou?

Se sonhos, às vezes, se tornam verdade, esse pesadelo eu não quero em mim.

A vida é feita de caquinhos e não preciso mais de nenhum pedacinho.

Agradeço que foi um sonho e que eu acordei e sou lúcida.

Se fosse verdade, não teria para onde correr; como despertar da realidade?

Pra isso só se ficasse sem cuca, fora de mim, totalmente louca.

Laura Válio. 

" INOCÊNCIA"

Saudade daquele tempo

que eu era criança.

Usava ainda trança.

Inocente, tão pura, tão mansa.

Andava pelos campos

colhendo flores do mato,

procurando e adorando

ninho de pássaros,

correndo ao vento no pasto.

Vez ou outra

montava no cavalo mineiro,

tranquilo, sereno, faceiro.

Chegava da escola correndo

com o estômago de fome doendo.

Em busca de ovo caipira no galinheiro,

lá ia eu pro terreiro.

Me lembro da cachoeira que descia

parecendo véu de noiva de tão linda.

Nada da vida, porém, entendia.

Nas noites geladas

com a lenha trepidando no fogão,

meu pai colocava brasas no chão.

Em volta delas nem arrepio vinha,

nem frio eu sentia.

A felicidade estava nas mãos

e dela eu nem sabia.

Depois que se cresce e vira gente,

tudo fica diferente,

tudo muda,

tudo finda,

nada mais é igual,

tudo se transforma, afinal.

Laura Válio

 

"SEM HORIZONTES"

 Estamos chegando ao fim

sem brilho, sem mais horizontes

e a vida caminha parada.

Onde está da juventude, a fonte?

Nem acreditamos quando 

nos dezoito chegamos.

A gente quer ser logo de maior,

quer ter sempre mais idade.

 

Quer as coisas boas, quer curtir as baladas,

quer fazer de tudo na hora e tão somente.

Às vezes quando um pouco entende,

anda atrás da felicidade 

e corre aos quatro cantos da cidade.

Para, sobe, desce, estaciona, anda de novo

pra achar um jeito de se fazer na vida. 

Vai à procura de qualidade,

em busca de se capacitar.

Passa tão rápida a mocidade!

Outros, porém, param de vez;

esperam a vida passar

pra correr atrás dos sonhos.

Já é tarde quando despertam

e veem que o tombo foi grande

e não mais prosperam...

A velhice chegou.

Geralmente é assim,

realmente...

Laura Válio

BOA NOITE

Que Nossa Senhora derrame suas bençãos sobre o povo brasileiro. 

EM TRANSE

Sei que sentei pra cochilar.
Olhei no relógio eram 13 horas e 15 minutos.
Tinha acabado de viver um sonho, ou pesadelo?
Escutei o barulho da minha filha e das meninas da colega dela correndo pra lá e pra cá.
Presenciei um papagaio falando bastante e depois começou a cantar e eu tentando cantar junto com ele.
Escutei a tevê ligada e fazia força pra me escapar de um dos braços do sofá que estava me apertando muito, muito mesmo.

Pedia ajuda pro meu filho; ouvi-o falando na frente da casa também.
Comecei a fazer força para ver se conseguia abrir os meus olhos, em vão.
Chamava meu filho pra me ajudar e nada. Eu sei que o chamei, porém não sei se foi de verdade e se alguém me escutou.
Foi difícil acordar, eu estava praticamente em transe.
De repente assim sem mais nem menos, me despertei e a televisão não estava ligada, não tinha filhos, nem meninas, nem papagaio.
Passou uns dois segundos, a minha filha chegou. 

Laura Válio. 

FAMOSA, EU?

Lá pelos meus vinte, vinte e um anos mais ou menos, quando eu cursava o antigo Magistério, saía com as colegas depois das aulas e descia na praça.

Às vezes, eu matava as últimas, quase sempre, só pra vagar e curtir a noite.

Como era bom!

Lembro-me das paqueras, que eram tantas, dos namoricos escondidos. Ah, se meu pai me encontrasse! Apanhava com o que estivesse em sua mão.

Porém, assim mesmo era tudo muito bom. Aqueles bailinhos! Qua saudade!

Nessa época eu já gostava de fazer alguns rabiscos.

Gente! Cheguei a escrever até um romance: uma história de amor com mais de duzentas páginas de caderno.

Sabe que não sei o que foi feito dele?

Numa dessas andanças, acabei um dia esquecendo-o num banco da praça, e nunca mais o encontrei.

Sempre estou lembrando e não posso imaginar em que mãos foi parar.

Quem o encontrou?

Por onde andou, ou será que ainda anda?

Até agora não li essa história. Sinal de que ninguém a tornou pública.

Tenho esperança que um dia quem sabe ela retorne a mim e eu consiga, talvez, publicá-la.

Já pensou que bom, que maravilha?

Eu, Laura Válio, depois de idosa, ser, quem sabe, famosa?

....

Laura Válio.
 

"CHAMA"

Rafael é a luz que acendeu e que abriu novamente a minha mente.

As inspirações estão fluindo feito água na fonte.

Fazia já um tempo que não escrevia, que não colocava meus pensamentos no papel.

Ele virou para mim outro São Rafael.

Minhas ideias estão descendo lá do alto, lá do céu, eu sinto isso.

Esse anjo vai realizar muitos milagres, tenho certeza disso.

Peça a ele com fervor e fé.

Ore e clame por sua proteção.

Creia, que ele não vai deixá-lo na mão.

Eram três anjos da guarda, somam quatro agora.

Certamente juntos da sua vida e da minha sempre parte farão.

Que essa chama permaneça acesa enquanto a vida não pereça.

Laura Válio

 

"LUZES"

Como vaga-lumes

continuam tendo brilho as minhas luzes.

Quando a mente é sã 
e se aceita ainda tudo 
torna-se fácil e as ideias que vierem
bem vindas!

Se as lembranças fluem
e a mente trabalha bem,
os pensamentos na cabeça
sempre vem.

Tudo que surgir de bom e de útil
que eu escrever numa folha de papel

ou pintar nela com pincel,
que não se torne em vão,
que não se transforme em coisa fútil 
e vá parar num lixão. 

 Laura Válio

SEMPRE SERÁ ASSIM

Estamos no mesmo barco remando contra as correntezas da vida.

Vamos indo, vamos levando.

Um dia, elas nos engolem a todos, não vai restar nenhum.

Quando eu morrer, não quero choro, nem vela, nem fita amarela.

Não quero ninguém na repetição: - que dó dela!

Dó do que? Eu não estarei mais aqui!

Pra onde vou depois, se é que vamos, não sei. Só espero que lá não continue vendo o que se passa cá. Aí, eu ficarei muito triste, não quero ver os meus aqui embaixo, levando a vida sofrendo.

Se alguém chorar em cima do meu caixão e eu estiver vendo, vou dar um safanão.

Se flores também me depositarem, farei uma ventania formar e pétalas pra todo lado voar.

Flores em vida, já diz uma música. Que farei com elas depois?

Oração é o que vamos precisar para a luz na subida alcançar. 

Meus restos quero que sejam colocados junto com a minha mãezinha; de preferência numa tardinha.

O sol já espero se pondo e uma melodia ao longe tocando.

Quero descanso, quero orações de pessoas não fingidas, que essas com certeza serão bem vindas.

A vida é assim; continua pra quem fica. 

Quem foi, foi; quem não foi, um dia vai...

Laura Válio

"PÁSSAROS"

Acostumei a passarada com restos de comida e de pão; com frutas: banana, maçã, laranja, mamão,...

Ela faz a festa!

Às vezes quando me esqueço no quintal jogar, vem um bando perto de mim, na porta, pra me lembrar.

É bonito, é gostoso ver os pássaros comendo. E num gesto de agradecimento seguem alegres cantando. 

Tem pessoas que conheço que não gostam deles.

Vê se tem cabimento! Veja só! Dizem que são barulhentos!

Pra mim, gente assim é quem não gosta nem de si próprio, é rabugenta.

Se não fosse a cantoria deles, a terra triste seria.

Deus os colocou para alegrar nosso dia a dia.

Pra mim são tudo de bom.

A corruíra, o pardal, o sabiá, o bem-te-vi, o tico-tico que anda meio sumido, o colibri visitando cada flor, o canário que já está esquecido. Nem se ouve quase.

Infinitas são as espécies, cada uma com sua cor e seu canto únicos e sem igual.

Onde quer que você vá, estão por toda parte; aqui e acolá.

Adoro os que eu conheço, sem distinção e quantos mais existem por esse mundão?

Laura Válio  

TENHA UMA BOA NOITE

Que Nossa Senhora de Fátima  proteja hoje e sempre a você e a sua família.

FRASES DA NOITE

 

" Não queres falar comigo; não importa, eu nem ligo".

" Ser camarada é tomar os problemas do outro, por nada".

"Viver é ter esperança, é crer". 

Laura Válio

"GRATA"

Você foi ingrato;
comeu e cuspiu no meu prato,
me traiu, me enganou.
Deletei-o dos meus contatos
e não quero nem um tipo de contrato.
Por ter acordado a tempo, agradeço;
hipocrisia não mereço. 
Você foi incapaz,
não teve peito pra segurar a barra, rapaz,
não houve outro jeito.
Agora acabou e cada um vai pro seu lado.
Nada restou;
não ficou nem um laço.
Foi bom enquanto durou e agora sei o que faço.
Juntos por muito tempo não dá e não deu.
Adeus, até nunca, valeu! 

Laura Válio

APARÊNCIAS

Pode viver o tempo que for com uma pessoa que você não vai conhecê-la exatamente como ela é, nunca.

Não deixar transparecer, isso já é coisa do ser humano, principalmente do homem. Por frente é um, por trás é estranho.

Ele tem amizade com os de fora e é "bom dia", "boa tarde", acenando todo dia. 

A maioria que vê acha que é uma beleza rara; na casa é boa pinta, boa gente.

Pensa também que vive bem com a família e é o que ele quer mostrar pros outros, mas é nela que o mau caráter se destaca e nem ali se mostra como é por inteiro.

Na família, ainda quer dar uma de moralista; bom cristão, enquanto que nos bares, nos becos, nas esquinas, nas sombras, vive à espreita, caçando, coçando e dando valor às mulheres da noite.

Aquela que fica em casa só esperando, lavando, passando, cozinhando, limpando - e de graça! - tem até uma frase que eles inventaram que diz: - "mulher boa não presta".

Chega a noite e essa já está cansada. Quando às vezes se sente amada (quanto engano!) se banha, se arruma, se perfuma.

Ele prefere as mal cheirosas e descansadas.

Só não deixa aquela lá da casa por medo de ficar doente e não ter quem dele cuidar. As outras não vão querer essa carga pegar. Ou pagando muito bem, quem sabe...

Acordem, mulheres de Atenas! 

Deixem de ser Helenas!

Chega de ajoelhar, pedir, implorar, chorar, viver rebaixadas, falar amém e gostar! 

Laura Válio

"TOADA"

 

O barquinho vai seguindo

guiado por meu amor;

no azul do mar partindo

deixando comigo a dor.

Ele nem bem se foi

a saudade já vem vindo

causando-me um torpor

com dores em mim fluindo.

Na espera, estarei pedindo

que seja Deus lá como for

quero o ver voltando

trazendo pra mim uma flor.

No regresso, sempre rindo,

entoarei um louvor;

ao vê-lo chegar sorrindo

eu lhe darei mais valor.

- Laura Válio -

SOFRIDA LIDA

Que calor!

Deus nos acuda!

Se a cada ano subir mesmo dois graus na escala, estamos é perdidos. Vamos cozinhar!

A gente fica pensando: como é que não emagrecemos? Devia ser assim, derreter também os nossos pneuzinhos, as nossas banhas.

Qual o que! Depois de consegui-los, é difícil livrar-se deles.

Deixa pra lá!

A coisa é séria!

Eu gosto do calor porque a gente fica mais disposta pro serviço, isto quando se está na sombra, entendeu?

Roupa seca que é uma beleza!

Tenho dó dos trabalhadores rurais que lutam pra garantir e trazer pra mesa o nosso sustento.

E se não fossem eles?

Olha que são alguns poucos, agora!

Logo, logo, não teremos mais quem queira mexer com a terra, com a roça.

O que vai ser de todos nós?

Morreremos de fome, não teremos o que comer.

Tem é que se dar valor a eles.

Precisavam de condições adequadas, humanas para essa lida sofrida.

Devia ser dos trabalhos o mais bem pago.

Que?

Com esse nosso governo, essa espera vai ser por toda vida, vai ser em vão.

É um assunto sério, porém, por aí vira até piada.

Enquanto isso, os trabalhadores de terra vão sobrevivendo sabe lá Deus como.

Tem que dar-se um jeito e seguir em frente, porque atrás vem gente, gato, cachorro... 

E como vem!

Laura Válio

HORÁRIO DE VERÃO VAI EMBORA HOJE

 

À meia noite, atrase em uma hora o seu relógio. 

O tempo vai refrescar um pouquinho.

Que bom!

 

PENSAMENTOS DE HOJE:

 

"Sem paz na cabeça, não seremos de qualquer ato capazes";

"O trabalho só será vantajoso se o corpo e a mente estiverem buscando juntos";

"Ser calmo é como navegar num mar sem ondas; tudo é sereno";

 

" O ódio só faz gerar turbulências";

"Um coração conturbado não conheceu o próprio, de fato";

"O tempo é como a água na fonte: vai mas não volta";

"A vida e a morte caminham de mãos dadas, porém, quando a vida não as quer mais juntas, a sua ela larga pra morte";

"São tantas as armadilhas na vida que um idoso fica espantado de todas ter escapado".

LAURA VÁLIO

NÃO SE DEIXE AFOGAR

Você que ainda vive, que anda, que pensa, que fala, que age, que vai, que volta, que entende, que busca, que ajuda, que ora, que faz, que acontece, que não foge da luta, que não quer por um fim na sua vida com motivo ou sem.

Parabéns!

Hoje se conta nos dedos pessoas assim.

Alguns tem preguiça até de pensar; quando isso fazem.

Uns já não abrem a boca.

Uns vão e nem lembram de voltar.

Uns não entendem nem buscam; não ajudam, só querem.

Orar nem questionam.

Outros só querem fugir da realidade que pra eles já é morta e sem ideais.

Assim caminha a humanidade que está perdida, tornando-se incapaz.

Se pessoas capazes não descobrirem um modo pra recomeçar, estaremos todos perdidos num barco, numa praia, e indo afogar todos no mesmo mar... 

Laura Válio

"IMAGINAÇÃO"

Ando e voo

voo e levito

nas asas da imaginação.

Dia inteiro sem um galho pra pousar

vou pensando sem parar.

É tanto pra colocar no papel

que às vezes me perco

no infinito do céu.

Como um passarinho

bato as asas

giro e rodo

pra depois voltar pro ninho.

Como é bom ser livre e solto

pra colocar as escritas

onde antes não eram vistas!

- Laura Válio -

"TEIAS"

Como aranha vou tecendo o fio da meada

da vida que já vai longe.

Vou andando, vou subindo, 

dando voltas, vou descendo.

De zigue em zague

vou revivendo o que passou

numa corrida louca

que a descida me levou.

Cheguei no fim do fio,

vou me agarrando na ponta 

e numa reviravolta tão brusca

novamente a subida me desponta.

Altos e baixos; assim caminha a vida

que faz girar a roda de cada um.

Assim é a constante corrida

que desce e sobe,

sobe e desce, 

dá meia volta,

até que um dia ela finda... 

- Laura Válio -

QUE PAÍS?

Que ânsia de poder! Esse poder que corrompe, que é podre.

Destrói até aquele que antes buscava, bonito, fazer um trabalho bem feito e nem ao menos imaginava que pudesse se levar por ele também.

Agora não olha pra trás, nem sequer lembra daqueles que o colocaram lá.

Que política é essa? E que roubalheira! 

O que restou dela foi somente corrupção, sujeira jogada pra debaixo dos tapetes. Haja!

A política não passa de um mercado de vagabundos que vivem mamando às custas do trabalhador. E o povo não quer acordar pra essa realidade bárbara. Está tomando e está gostando, senão exigiria e faria uma revolução neste país.

Este país que precisa ser descoberto de novo e começar a caminhar com os pés firmes no chão, pois se continuar como está chegará o dia em que morrerá como nação.

Olha que estamos por um fio, estamos no sobe - desce de uma corda já bamba.

Procuremos enxergar a realidade que está pintando nua e crua; não vê quem não quer.

Muda e abre a cabeça, meu povo!

Muda, Brasil!

Colore com tintas claras; saia do escuro, da podridão. Assim vai encontrar a felicidade no corpo e na mente da sua gente.

Novamente.

Laura Válio. 

 

"EMBRANCO"

O que vier na mão

de bom e de útil

não deixar passar em vão.

A oportunidade rara então

que algum dia chegar

não permita evaporar

como bolha de sabão.

O que cai na rede é peixe

já diz um ditado

mas não importa se for camarão.

O que não pode acontecer

é vir um tubarão

e virar um problemão. 

- Laura Válio -

PENSAMENTOS DE HOJE:

"A ganância faz parte da ignorância"

"Em alguma hora, a rocha rola"

"Ter brio e humanidade não fazem mais parte da sociedade"

"O peixe morre pela boca, e pra pagar a língua, às vezes morremos também"

 - Laura Válio - 

 

"VELHICE"

Acham que não pensamos, nem entendemos mais!

Temos que encaixotar nossa própria vida?

Embora estejamos esquecidos, ela continua bem ou mal.

Está certo que a cada dia o peso da idade vai nos incomodando; imagina para quem tem que conviver conosco então?

A gente sabe disso.

Sempre em algum lugar do corpo acontece uma dor aqui, uma ali, outra acolá... Porém, os mais jovens sentem dores também; ora!

A velhice é desumana, triste, solitária, arrasadora, isto enquanto estamos caminhando com os próprios pés. E quando precisarmos de outros cuidados?

Mesmo que a morte esteja à porta lembrando que estamos velhos, não devemos nunca nos abater. Tem que se agradecer de não estar num leito ainda.

Cada ano que passa a idade vai pesando tanto que se torna difícil carregá-la nas costas; mas vamos aguentando que até os filhos continuam achando que somos fortes o bastante que nem podemos alguma vez reclamar.

Já os criamos, os ajudamos, os amparamos; já fizemos a nossa parte para com eles e com a sociedade. Somos nós agora que necessitamos de entendimento, de sossego, de paz.

Queremos privacidade e muitas vezes é difícil encontrá-la.

Queremos respeito, dignidade, tratamento inteiro e sem cobrança; pois temos brio e amor próprio enquanto estamos sãos e podemos nos cuidar.

Precisava se ter lazer constante e de graça. Nada de ficar em casa tricotando, fazendo crochê, olhando netos ou vendo TV.

Afinal, cadê os passatempos?

Se os novos não tem diversão, que dirá nós?

A cidade é pequena, não oferta coisas boas aos jovens. Nem indústrias, oficinas, serviços em geral, concursos... Portanto, andam num desespero constante só atrás do que não presta, numa ansiedade excessiva, com latinha na mão, vivendo como zumbis, sem estímulo, sem gosto para começar a luta pela vida; e sem razão alguma estão tirando a própria.

Por que não a doam a nós? Que bom se pudessem!Estamos idosos mas ansiamos por ela.

Que será feito desta geração e das futuras?

O envelhecimento será muito pior, isto se elas chegarem até este ponto.

Com certeza não iremos ver, porém, se envelhecer é implorar pela morte e esquecer que se está vivo (mesmo lúcidos e andando), então não valeu a pena chegar até aqui.

Valeu??...