domingo, 26 de março de 2017

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Como a vida é frágil!
O que somos nós?
Um sopro somente?
Meu Deus! Onde estão as respostas pra essa vida nossa?
Estamos com um pé aqui e de repente o outro em algum mundo qualquer; ou não tem continuação nenhuma?
Estamos todos por um fio. Como é possível tudo isso, ela assim, será que tem mesmo um fim?
Se existe outra, será que a passagem é doída? Será que o desapego chega a ser tão forte das coisas daqui e da pessoa em si?
Temos uma vida só; portanto ela não deveria ser tão vapt sem vupt mas apenas vai e não volta jamais.
E a perda, a saudade de quem se foi, onde é que a gente coloca tanta dor?
Quando o meu netinho foi parar, nesta semana, na emergência do hospital, o desespero, a tremedeira, o nervosismo e não sei o que tanto senti, foi abalável, inexplicável, não sei nem descrever aqui.
Passam tantas coisas na cabeça e a gente fica sem ação, perturbada, fora de si. Faltou dar um treco também em mim.
Deus porém colocou as suas mãos abençoadas nele e o carregou, lhe amparou, lhe salvou.
O que se pode fazer além de agradecer? Só agradecer e agradecer.
A vida é um grande mistério; porém, sei que Deus está no comando de tudo. ELE é a chave do mundo. Tenho certeza disso!
Obrigada, meu Deus, pela vida do RAMON. Obrigada, Deus meu!  

LAURA VÁLIO.

segunda-feira, 20 de março de 2017

"ESPERANÇA"

Quero estar numa rede.
Tomar água de coco
pra matar minha sede.
Numa praia descansar,
esticar as pernas e relaxar.

Quero essa praia quase deserta
e rolar na areia molhada.
Será uma coisa incerta
essa hora desejada?
 
Parece que esse dia e esse sonho
longe de chegar estão.
Fico nisso pensando tristonho;
mas tenho esperança e essa não deixo, não.
 
Se a perdesse eu estaria morto;
portanto, já me vejo no porto,
na rede, na praia,
tomando água de coco.
Esticando as pernas, relaxando
e na areia rolando.

Laura Válio.

 
 

"SEGUINDO"

O tempo acordou feio hoje.
Está nublado;
tudo tingido de cinza embaçado.

Como é ruim levantar assim
com as coisas feias, enfim.

Bate uma grande tristeza
pois não se vê mais beleza.
Dá vontade de ficar deitado
e deixar tudo de lado.

Porém, a vida vai seguindo
com o dia começando e partindo.
Tem é que se refazer
e o corpo botar pra mexer.

É difícil, eu sei;
não é fácil.
Não se entregue portanto,
nem parado fique, entretanto.

Deixe o dia ir indo
às vezes claro, outras escuro, seguindo.

Saiba levar a vida
nesse ritmo, nessa batida.

Laura Válio

sexta-feira, 17 de março de 2017

BOA NOITE

DIFERENÇAS

Olhando no horizonte
o sol já se esconde
e o dia finda.
Tudo se torna de mim defronte;
alaranjado, amarelo, mesclado.
Como é lindo o por-do-sol com o céu bem azul, 
aqui no sul!
Na beira de um lago se destaca ainda mais
a sua beleza, porém, ele traz consigo
angústia e tristeza.
A noite vem chegando sorrateira,
misteriosa, faceira.
Tudo emudece,
tudo cala com a grandeza de seu manto negro quando não tem lua cheia.
Somente os pontinhos brilhantes no céu se destacam numa noite escura e feia.
O temor vai tomando conta de nós, quando estamos a sós.
As sombras que às vezes ela traz, são até bonitas, outras nos causam medo, pavor.
Parecem cenas de terror.
Ficamos tomados pelo pânico e pra ficar fora, foge o ânimo.
Vou dormir, descansar, pra começar a luta de novo amanhã de manhã.
A noite terá uma diferença;
não será tensa.
A lua vai estar iluminada,
vai ser cheia, prateada...

Laura Válio 

quarta-feira, 15 de março de 2017

FIM

No começo, tudo era apenas uma brincadeira,
uma gozação.
O tempo foi passando
e eu fui me apegando.
Porém, quando tudo é demais e é bom, um dia acaba;
aconteceu que destemperou
e um "chapéu véio" virou.
Começaram as brigas,
o ciúme quase doentio.
O respeito e a confiança ficaram abalados
e cada um foi pro seu lado.
Pensei que não ia aguentar.
Me desabei, tanto sofri.
Pensei também em te procurar 
pra pedir pra voltar.
Aguentei firme e por final resisti.
Hoje pra mim é como se não tivesse existido
nada entre nós.
Já ficou no passado e acostumar fui capaz.
Me desapeguei pra sempre de ti
e não te quero de novo pra mim.

Laura Válio.

segunda-feira, 13 de março de 2017

"ENTRISTECIDA"

O dia nasceu e
vai seguindo.
O sol não deu as caras ainda hoje;
está escondido.

Lá fora faz friozinho
e traz um gelado ventinho.
Cá dentro do peito
parece que não tem jeito;
amanheceu entristecido
como que desfalecido.

O tempo passando
e as intempéries da vida chegando.
Se fecha às vezes o coração
pra fazer de tudo um balanço;
porém, o pranto, a dor, a saudade, a emoção
não a deixam ter descanso.

A alegria, a felicidade, a empolgação
pra dentro dele reinar é difícil;
não é nenhum pouco cabível.
Elas não tem muita vez, muita hora,
e o meu coração precisa ser feliz agora.
Ele carece e necessita ter satisfação.

Laura Válio

sábado, 11 de março de 2017

"MÃE"



Onde a gente coloca a vontade que às vezes tem de chamar, de gritar pela senhora?
E a saudade? É sofrida e tem que deixá-la contida, doída, latejando escondida...
A vida vai seguindo, porém, mãe é como Deus: não sai do pensamento as vinte e quatro horas do dia.
Como faz falta!
As nossas conversas, nossas risadas. A senhora chegando de mansinho em casa e quando eu percebia já estava instalada no mesmo lugar, no cantinho do sofá.
É triste; cada vez que sento em minha sala, a lembrança me esbarra e vez ou outra eu choro ali sozinha.
Que bom se estivesse aqui curtindo o seu bisneto, meu neto, comigo!
Aqueles tapinhas nas costas, e que era de praxe, que dava em cada abraço esperado, ansiado, principalmente dos netos.
Imagem relacionadaO encontro de todos os filhos em sua morada, todos os dias aguardava.
Os Natais, os aniversários cheios de pessoas que a adoravam, a estimavam.
As dancinhas suas, a pinguinha - que gostava de um gole todo dia tomar -, os karaokês que amava de paixão ver a gente cantar. Até pedia pra gravar!
Os panetones, as carnes assadas, os doces, as comidas, todos inesquecíveis, que só a senhora sabia fazer, e como ninguém. Nunca mais comi quitutes iguais aos seus também.
Imagem relacionadaTudo está na lembrança registrado, guardado a sete chaves, e jamais será esquecido nem perdido enquanto eu viver, enquanto eu tiver cabeça e enquanto eu não morrer.
Espero reencontrá-la um dia.
Até lá!
A benção, mãezinha!

Laura Válio.

sexta-feira, 10 de março de 2017

GAFANHOTO

Tem um gafanhoto que canta todas as noites no quintal de casa e num mesmo lugar.
Tento descobrir mas é tão difícil conseguir localizar ao certo onde ele se encontra.
Você anda pra frente, o barulho aparece atrás, vai pra trás parece que o som vai pra frente; anda de um lado parece que é do outro.
Êta bichinho arretado!
Como incomoda o seu canto estridente!
É igual ao do grilo, ou semelhante somente.
Será que ele não sai pra comer?
Como é que pode não mudar de lugar nunca?
Parece que é só pra me irritar, pra me zangar.
Se ele cantasse de dia ficava fácil encontrá-lo; porém, é esperto.
O bicho parece ter inteligência também!
São coisas da natureza que é sábia!
A maioria dos bichos age por instinto, ou tem uma anteninha que avisa e que liga quando está na hora de despertar pra vida, pra noite, pra caçar, não sei...
Mas que irrita, irrita!
É isso aí!...

Laura Válio

ESTAÇÕES

Meu coração se abre e se alegra
como um botão,
quando a primavera floresce.
As flores, o verde; tudo fica lindo e aparece.

O verão, depois, quente
faz entristecer o meu peito.
Vem secar toda flor
e amarelar toda cor.
 
Outono é a estação mais gostosa.
Faz o coração bater normal;
é a temperatura ideal.
Não faz frio nem calor.
Seu clima é moderado
e por todos tão aguardado.

O inverno me deixa triste
pois tudo de cinza tinge.
Se o frio for de lascar,
tudo e todos vão se danar.
O coração se fecha então
e não quer mais abrir o botão.

"Tem um clima cada estação; climas também tem um coração".
 

Laura Válio.

quinta-feira, 9 de março de 2017

MUITO BOA NOITE!



FASES

Quando a lua vem surgindo
toda linda, toda bela;
as sombras da mata vão saindo
com o clarão que traz ela.

Lua nova, lua minguante,
lua cheia, de encanto.
De cima de um mirante
vejo-a por todo canto.

Lua crescente
que segue aumentando contente;
seu mistério me fascina,
sua cor prata me domina.

Sob o luar tudo se torna lindo
e confunde a natureza
que pensa que o dia já vem vindo
e se mostra com toda pureza.

Lua dos meus sonhos
cheios de cores, risonhos,
e lua do meu prantear
quando é triste o meu sonhar.

"A lua é igual a gente; tem vez que está triste,
outra que está contente".  

Laura Válio

terça-feira, 7 de março de 2017

CARNAVALANÇA

Carnaval; infernal!
Dança da carne, da podridão, da prostituição.
O diabo é quem fica feliz.
Deve mil vezes gozar, vendo pandeiros passar.
Palhaçada, vagabundagem, deslealdade, mentira, bagunça, profanação.
Comer, beber, pegar, beijar, ficar, prometer...
Todo tipo de pecado cometer.
Pra encher a pança, avança.
Saracotear, girar, rodar, rodopiar, entrar na dança.
De latinha na mão lá vai o povão.
Onde tem roda de samba, ele está na corda bamba.
Desagua na rua, que pensa ser sua.
É só lambança, é farra pra toda banda.
Velhos e adultos e até criancinhas rodando bolsinhas.
Atrás do trio elétrico, quem ainda não morreu, vai levando choque pra frente, por trás, por cima, por baixo.
Pra todo lado que se olha tem bumbum de fora.
Pessoas se rebolando, remexendo, revirando, contorcendo, descabelando, travestindo, se desmanchando.
Tanta droga na cabeça, que fica difícil imaginar como ao "normal" voltar.
Normal?
Assim é que se vai, assim é que se vem.
Não sei onde isso vai dar, nem onde há de parar.
Não sei como fazem filhos com a cuca louca, só que depois de nove meses o resultado vem que é uma beleza.
De que adianta a pílula, a camisinha de graça?
Dá dó é das crianças a mais que são jogadas como se fossem lixo, sem nenhuma esperança por este mundão.
Nascem já fadadas à perdição.
Que pena!
Que cena!

Laura Válio.

RECOMEÇO

 

Tenho que ir embora;
preciso seguir.
Não sei bem a hora,
porém vou partir.

Deixo saudade
com toda certeza aqui.
Levo maturidade
e lá na frente, talvez, volte sim.

Raízes não deixo onde estou.
Longe eu tenho um passado
que vive me condenando.
Não é crime, mas foi um pecado.

Perdão pedir sei que vou.

Abandonei mulher e filhos
um dia e vim pra cá.
Quero voltar pro meu ninho;
não posso e nem quero ficar.

Amadureci, cresci, me arrependi,
e o valor da vida entendi.
Quero os filhos ao meu redor com chamego
e de volta o meu lar com aconchego.

Laura Válio

sexta-feira, 3 de março de 2017

LABIRINTO

Acompanhada de uma colega, minha filha e não sei bem se era meu neto ou o meu filho, me vi dentro de uma casa espaçosa, bonita, com cômodos bem grandes e arejados.
Um casal e duas crianças nos receberam sorrindo.
Permanecemos ali por um bom tempo.
Conversamos, tomamos café, comemos. Sentamos depois à beira de um riacho e rimos bastante naquele instante.
Quando nos despedimos, eu fiquei com a mulher ainda um pouco lá fora e a colega minha com os dois meus foram saindo.
Logo que comecei a fazer o caminho atrás deles é que foi o problema.
Num dado momento, se distanciaram muito de mim e eu fui caminhando, fazendo todo o trajeto sozinha.
Fui andando; atravessei casas indo por dentro delas; passei debaixo de cercas; subi morros, desci; entrei em casas novamente, saí; cortei caminho no meio do mato; subi degraus de terra; escalei barrancos; pulei degraus de pedaços de tijolos.
Atravessei uma casa com gente almoçando.
Caminhei bastante por ruas largas; entrei de novo e outra vez em casa com gente no chão, comendo.
Encontrei pessoas em bancos num lugar onde parecia ser uma pracinha; escura, sombria.
Perguntava pelos meus acompanhantes e ninguém sabia me informar nada.
Depois de muito andar nesse labirinto maluco, encontrei-os novamente, porém, a colega não estava mais com eles.
E recomeçou de novo; agora com os três.
Atravessamos pontes, túneis escuros, becos com gente querendo passar as mãos numas roupas  que eu trazia debaixo de um dos braços. Gente puxando pela blusa.
Às vezes, meu neto ou filho se distanciava de nós e eu tinha que correr muito atrás dele. 
Alcançava-o, cansada.
Depois de algum tempo percebi que as roupas que carregava haviam sumido de mim.
Continuamos a percorrer essa verdadeira via crucis; eu já esgotada.
Foi aí que de um sobressalto acordei.
Passei o dia com dores nas pernas e fadigada.
? ! 

Laura Válio

quinta-feira, 2 de março de 2017

BOA NOITE COM CHUVA GOSTOSA

DESCRENÇA


Demorei pra perceber.
Custei a crer
quando você se declarou.
Sofria por eu não confiar
em você que dizia me amar.
O tempo assim com nós dois foi seguindo
e eu em você não acreditando.
Só que um dia acabou;
tudo findou e você não aguentou.
Quando me vi triste acenando
pra você partindo,
não sei porque
chorei e me descontrolei
naquela hora na estação
e de montão
com a sua partida não me conformei;
porém, é mesmo um adeus, eu pensei.

Agora é seguir em frente;
a fila anda e atrás vem mais gente.
A solidão vai ser barra
sem a sua garra, eu sei.

O que passou, passou.
O que vier de presente
não vou mais ser descrente.

Laura Válio

SEM OBRIGAÇÃO

Estou só, longe de tudo e de todos; por opção.
Escuto somente a natureza à minha volta cedo e de tardão.
Uma morada de sapé ao pé de uma montanha.
Uma casinha de cal, branquinha, batida de chão todinha.
Um rio pertinho onde eu nado como um patinho.
Depois de um banho relaxante, fico a sentir a brisa refrescante,
sentado num banco em frente da casa à sombrinha, quase toda tardinha.
Minha companheira é a solidão.
E como eu gosto de levar este vidão!
Cuido das minhas plantinhas
e à noite namoro as estrelinhas.
Antes de deitar, ouço músicas no meu radinho de pilha, velhinho.
Como é bom viver assim!
Sem hora pra dormir,
sem hora pra acordar,
sem hora pra comer,
sem hora pra parar,
sem hora pra sair,
sem hora pra voltar,
sem horário pra cumprir
e sem hora pra daqui partir...  

Laura Válio.

SORRIR PARA A VIDA

Dizem que  aqui estamos para ser felizes.
Como será isso possível, se dia após dia carregamos cada vez mais problemas?
Sofremos com os nossos e carregar até os dos outros tentamos!
Vivemos preocupados com o que comer, com o que vestir, com o amanhã, com a saúde de todos.
Temos medo que algo de ruim aconteça com os nossos.
Quando os meus saem de casa, o meu mundo, mesmo orando, é marcante, apavorante.
Tanta  coisa acontecendo lá fora onde a maldade praticamente vigora.
E quando é longa a demora?
A casa que é ainda o lugar mais seguro; até aí o bicho mora.
Precisa se ter sangue frio pra sorrir para a vida sem medo de pensar no que virá depois.
Um passo que você for dar pode a morte o pegar.
Sorria para a vida então; você que não tem preocupação, que não teme coisa alguma, e que não tem situação ruim nenhum...

Laura Válio.
 

quarta-feira, 1 de março de 2017

FÚRIA

Quando a natureza, às vezes, se torna brava, é assustadora.
Ninguém consegue e pode fazer algo contra  a fúria dela, e a gente trava.
A pessoa fica temerosa de todos os lados e sem prosa.
Eu mesma me sinto encurralada, sem saída, andando feito barata tonta dentro de casa; pedindo pelo amor de Deus que ela se acalme e se acabe.
Acendo vela, oro e até choro.
Aí vemos que não somos nada.
A ventania, essa é a que mais me agonia, que mais me apavora. Morro de medo, parece pra mim filme de horror.
Saída não temos e se abusar vamos pelos ares com casa e tudo e com ela voamos.
A natureza é assim; às vezes se apresenta diante dos nossos olhos tão mansa, tão bela, tão mágica e tem coisas só dela.
Outras se mostra fria, esmagadora, poderosa, destruidora...

Laura Válio.