TEMPO

Procuro me encontrar e não sei onde fui parar.

Olho no espelho e está longe a imagem de quem eu era. Ai, quem me dera!

Pra onde foi aquela que até gostava de se mirar? 

Bonita me achavam. Os olhares se voltavam para mim às vezes, e como era bom!

Me sentia feliz, me via pisando nas nuvens. Me sentia poderosa, uma rainha, uma diva. E imaginava que isso era tudo, que me bastava.

Coisa da juventude; quanta bobeira!

Eu devia ter aproveitado mais aquela fase e não apenas ficar sonhando.

Como o tempo passa e leva pra junto tudo o que era belo, majestoso, gostoso!

Ainda bem que não foi só comigo!  

Deparo-me às vezes com colegas de escola, a mesma idade minha, que eram lindas e estão mais acabadas que eu; menos mau. Não foi apenas eu que desgastei.

Por que só depois que o tempo passa é que a gente vê que não fez nada daquilo que sonhava?  

Por que se olha pra trás e vê que deixou muita coisa inacabada, muito ficou a desejar?

Chora-se o leite entornado.

Porém, agora é tarde para recuperar esse tempo perdido; ele já está-se esvaindo.

Sonhar é bom quando se é novo; mas jovem, não fique na espera, apenas aguardando.

Vá pra luta, pras conquistas e faça dos seus sonhos realidades, se não nada mais vai compensar nesta vida.

Corra atrás dos seus ideais enquanto está na flor da idade, pra que quando chegar à velhice poder colher os frutos das suas próprias lutas.

Saiba que tudo o que fizer e batalhar por você não será em vão. A recompensa virá, então.

Não fique estacionado pensando na vida e tão somente, que ela caminha a passos largos.

Não espere a idade avançar pra tentar depois lutar. Vai ser difícil recuperar o tempo.

Avance, que ele urge detrás e pode na sua frente passar.

Portanto, siga adiante, jovem.

Barre o tempo.

Boa sorte; avante!

"Seja um lutador. Se puder, vença o tempo que a sua frente se por".

 

LAURA VÁLIO 

"LENITA"

Parabéns pelo seu aniversário, Lenita.

Que Deus continue a abençoá-la sempre.

Nunca deixe de sorrir para a vida, para os seus filhos, para a sua gente e para todos os amigos que a cercam.

Você é uma irmã guerreira. Queria ter essa sua força, essa sua garra, seu astral, essa alegria toda que você carrega dentro de si.

Batalhadora é a palavra que a define.

Lutou quase que praticamente sozinha para cuidar dos seus dois tesouros, sempre inovando, sempre inventando algo novo para vencer as crises que se apresentam a cada dia surgido.

Você renasceu já muitas vezes; das queimaduras, da depressão, dos conflitos.

É uma verdadeira fenix!

A sua alegria a todos contagia.

Nunca deixe de dar as suas risadas gostosas, dessas que as irmãs mais velhas não sabem e acho que nunca souberam mostrar.

Continue assim, firme e forte!

Você merece toda felicidade deste mundo e que Deus a conserve assim, amada por todos.

Você vai vencer todas as batalhas que se apresentarem a sua frente. Venceu tantas...

Tenha fé, minha irmã. Coragem eu sei que você tem bastante.

Que Deus continue iluminando todos os caminhos por onde você passar.

Tenha certeza que a vitória sua será, e que um dia o troféu erguerá.

Deus é presente em sua vida hoje e sempre.

Parabéns!

LAURA VÁLIO, em 20 de maio de 2017. 

 

  

MÃE

Minha mãe, mulher de estatura pequena, com uma força imensa, uma verdadeira leoa.

Deus deu todo respaldo a ela.

Cuidava de oito filhos e se desdobrava, parecendo ter mil braços, mil pernas.

A gente morava no sítio e ela dava conta de nós e de todo tipo de serviço; ainda aguentava nosso pai que não era fácil de lidar.

Costurava, lavava, passava, arrumava...

Naquela época tinha que tirar água do poço, lavar roupa no rio, depois colocar toda ela estendida na grama pra corar. Ensaboava, tirava todo o sabão pra depois estendê-la.

Que trabalhão!

Cozinhava como ninguém.

Fazia todo tipo de comida.

Estendia os charques de boi nos varais, lidava com as carnes de porco que eram preparadas e depois ficavam curtindo naquelas latas grandes com gordura.

Fazia linguiças, queijos, chancliches, assados, goiabada de tacho, doce de leite cortado no mármore... Dá água na boca ao pensar!

Malhava feijão, arroz. Às vezes, ia até buscar o gado no pasto.

Não havia o que ela não soubesse fazer.

Hoje, ao lembrar, eu, no lugar dela não daria conta nem de um terço da metade de tudo o que minha mãe conseguia.

Ela não era de nos abraçar e beijar, porém, a gente a amava e a respeitava acima de tudo.

Ficou viúva, mas não se engraçou com ninguém.

Gostava muito de ir pra praia.

Gostava de ouvir suas musiquinhas.

Cada domingo na sua casa era como um evento. Adorava todos ali reunidos.

Foi uma guerreira, uma mãe exemplar.

Queria os filhos todos ao seu redor pra se sentir completa, feliz.

Amo a minha mãe apesar de não estar mais presente.

Achamos que ela se foi muito cedo. Devia ter ficado mais algum tempo conosco.

Seu coração era puro. Estávamos os oito dentro dele e tão somente.

Onde estiver, minha mãe, saiba que não será esquecida por nenhum dos filhos, jamais.

A senhora foi muito amada por nós.

Oramos pela senhora.

Mãe heroína, perdoe-nos algumas falhas que com certeza cometemos.

Olhe por nós onde quer que esteja!

Descanse na paz de Deus!

Obrigada!

LAURA VÁLIO  

UM CASO DE NOVELA?

A menina e o menino brincavam e se davam bem desde pequenos.

Vizinhos desde que nasceram. Seus pais também não se estranhavam; e os pequenos viviam felizes.

Corriam e faziam traquinagens, travessuras, sempre juntos.

Iam para a escola, os dois no mesmo ano, mesma sala, mesma professora. Assim se seguia.

O tempo foi correndo e passou.

Esqueci de dizer que havia uma diferença. Os pais da menina eram ricos.

Adolescentes já, houve a separação. Os pais abastados não queriam mais os dois juntos...

Ela seguia por caminhos agora extraviados.

Levava os estudos aos trancos e barrancos, faltava às aulas, perdia ano. Andava em más companhias. Rebelde como quê.

Enquanto isso, ele era um ás em todas as matérias de escola. Cresceu inteligente.

Encontravam-se às vezes escondidos e ele conversava e tentava um jeito pra mudar a situação dela, mas foi tudo em vão. 

Ela não se emendava.

Ele mudou-se para uma cidade maior pra entrar pra faculdade e mesmo com o ganho de seu serviço sendo pouco ajudava ainda pai e mãe.

Se formou em advocacia e lá um dia retornou então para o lar, doce lar.

Nessa época, a mocinha havia sido pega com drogas, junto com mais três.

Os pais já estavam desistindo de lutar por ela e nem advogado contrataram.

Quem foi nomeado para a sua causa? Justamente o amigo! Aí, ele teve tempo bastante pra conversar e pra fazê-la enxergar as coisas de um outro ângulo.

Foi uma luta gigantesca.

Ele pegou essa causa com muita perseverança; deu tudo de si para salvar a colega de infância.

Os pais dela vieram lhe dar os parabéns pela façanha dele, merecidos.

Voltaram a se encontrar todos os dias para modificá-la; ele não desistia.

Pra mudança, às vezes, a pessoa nunca pode estar sozinha com seus medos, suas fraquezas, suas fantasias.

Ali foi nascendo um elo, um laço até então por eles desconhecido.

Ela não mais vivia nos bandos e voltou pros estudos, então.

Foi uma trégua, uma grande batalha pra recuperar o tempo perdido, desperdiçado, mas valeu a pena.

Hoje ela é psicóloga e quem faz consultas marcantes pra falar do seu amor é ele.

Os dois se enamoraram e se namoram por hora. Encontrou ela seu caminho agora.

"Uma causa quase nunca é perdida. Basta não desistirmos dela".

LAURA VÁLIO 

LIDA SOFRIDA

 
Dia chuvoso, dia bom e gostoso pra quem não tem o que fazer e pode ficar na cama até quando lhe convier.

Os pássaros cantam saudando cada pingo de chuva pra eles abençoado.
Eles agradecem todos os dias, sempre com a mesma alegria, faça sol ou faça chuva.
O homem precisava aprender a agradecer sempre mais e mais, mas apenas diz um "obrigado" parecendo ser obrigado.

Parasse para pensar nas pessoas que lidam nos campos. Como é difícil com os dias de chuvarada!

Sem elas para plantar não haverá comida jamais, e como será então?

Morreremos todos, pois pra se saber mexer com a terra é custoso, só quem está lá pra ver como é penoso.

Precisaria mais gente nesse batente.

Se fosse bem remunerado talvez, e é o serviço que deveria ser  o mais bem pago.

Alguns reclamam às vezes de estar no bem bom, abrigado num escritório com cafezinho, bolo, bolacha, chazinho, só pra fazer relatório.

Já o coitado come e bebe frio e vive com um salário insustentável.

Quem trabalha em empresas, firmas tem lá suas vantagens também.

O homem do campo vive com a cabeça debaixo do sol e da chuva e pra ele não pode ter tempo ruim, nem hora; é uma dificuldade, porém, ele precisa mesmo desse serviço, afinal tem família e o pão não pode faltar numa mesa.

Vamos dar o devido valor ao homem do campo.

Logo não haverá mais ninguém pra querer lidar com a terra. E, aí, como será?

Fome passaremos!

Simplesmente não mais terá o que comermos!

 

LAURA VÁLIO

 

AMIGO

Frente a frente, novamente, hein, meu amigo?

Tanto tempo já passou. Por onde andou?

As caminhadas foram tantas!

Muitos assuntos ficamos sem trocar nesses espaços por nós espaçados.

Fiquei feliz em lhe encontrar. Está mais maduro, mais sossegado, mais puro. Pelo menos é o que me aparenta.  

O tempo passa, muda muito e temos que madurar com ele juntos.

Se não amadurecemos num todo, continuamos do mesmo jeito, não é?

Somos como o vinho?

Quanto mais velhos melhores ficamos?

Está certo?

Espero continuar nossa velha amizade e retomá-la do ponto em que paramos. 

Será isso possível?

Se eu não estiver enganada e você não vier com gracinhas tentar, poderemos, se você topar!

LAURA VÁLIO