sexta-feira, 10 de novembro de 2017

AGRADECER


Num dia você está bem. Sente-se forte, saudável, animada, satisfeita com tudo; vamos dizer, uns oitenta por cento.
No outro dia se sente fraca, desanimada, infeliz, nada presta, dor aqui, dor ali; tudo é ruim.
Assim caminha a velhice.
Temos que acostumar a lidar com ela, mesmo sendo difícil.
A percorrer junto com ela; porém, para onde? Como é triste, portanto!
Todo dia a mesma rotina.
Você não vê horizontes, não tem para onde avançar. Tudo estacionado está.
Esperar pelo que, se tudo já foi vivido, visto, buscado, conseguido ou não? Não existe o que aguardar, então!
A esperança não pode morrer, no entanto, ela não é a mesma. Agora é bem distante daquela que um dia foi.
Dói na alma!
Devia ser diferente a velhice. Sabe por que? Depois de todas as conquistas, da impressão que fizemos tudo o que esteve em nosso alcance, do pensar que o dever foi cumprido, devíamos só o descanso e o lazer merecer.
Que pena que não é assim!
Os problemas maiores começam aí, pois a saúde decai cada vez mais. Doenças, dores, fraqueza nas pernas; os passos encurtam, doenças ainda piores e sem cura, remédios demais, além da preocupação com os filhos, com os netos, com o amanhã deles quando a gente faltar; e vai chegar; isso e muito ainda!
Não quero pensar, porém penso.
Não quero mais imaginar o que será daqui pra frente. No entanto, também toda hora na ideia as coisas vêm.
Queria esquecer de tudo, mas para isso eu precisava não ter a cabeça no lugar; e essa, graças a DEUS, considero cem por cento e AGRADEÇO.
Então, mesmo que às vezes doa, eu prefiro viver pensando e continuar de cuca boa.

LAURA VÁLIO

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